quarta-feira, 18 de abril de 2012

Consumidor não pode mais exigir sacolas plásticas em supermercados

O governo do Estado de São Paulo e a Associação Paulista de Supermercados (Apas) realizaram um acordo para que a distribuição de sacolinhas plásticas seja suspensa no estado. O objetivo é diminuir a quantidade de plástico lançada no meio ambiente, já que uma sacolinha pode demorar no mínimo 100 anos para se degradar na natureza.
Só em São Paulo, cerca de 5,2 bilhões de sacolinhas são distribuídas nos supermercados. Ou melhor, eram. Desde o dia 4 de abril, depois de 60 dias de adaptação, os consumidores não podem mais exigir as sacolas gratuitamente. As opções restantes são: a compra de sacolas retornáveis, que devem ser disponibilizadas a R$ 0,59 nos estabelecimentos ou uso de caixas de papelão.
A APAS ainda estuda com o Procon a disponibilização de uma sacola reutilizável “vaivém”, que pode ser adquirida e devolvida na compra seguinte com reembolso. Além disso, foi criada a campanha “Vamos tirar o planeta do sufoco", para que os consumidores se adaptem a essa nova realidade de sacolas reutilizáveis. A atitude foi vista com bons olhos pela população, já que uma pesquisa divulgada pelo Datafolha em janeiro mostrou que cerca de 57% dos entrevistados na cidade de São Paulo apoiaram a decisão.
Mas muitos órgãos relacionados ao setor questionaram se essa atitude realmente ajudará o meio ambiente. De acordo com o presidente da Plastivida (Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos), Miguel Bahiense, o meio ambiente sai perdendo com o banimento de sacolas plásticas. Ambientalmente, as sacolinhas são comprovadamente as mais sustentáveis. “Outro importante dado é que ela apresenta a menor geração de CO2 em seu processo produtivo, além de consumir menor quantidade de matéria-prima frente às outras opções”, afirma Bahiense.
Dados fornecidos pela Plastivida também indicam que as sacolas plásticas são o terceiro item de custo dos supermercados. Segundo a empresa, transferir para o consumidor essa conta não é mal negócio. Os supermercados passam a economizar R$ 500 mil ao ano ao não fornecerem sacolas plásticas, além de também ganharem com a venda das opções retornáveis. Outro fator apontado é que ao transferir a destinação das caixas de papelão para os consumidores, os supermercados repassam a incumbência de destinar corretamente um resíduo que teria de descartar.
Para João Sanzovo Neto, diretor de Sustentabilidade da APAS, o consumidor não irá sair lesado desse processo. “Os consumidores já notaram que ao pagar pelas sacolas reutilizáveis eles as utilizam integralmente, sem desperdício, ao contrário do que acontecia com as sacolas descartáveis distribuídas pelos supermercados. Eles já têm uma consciência ecológica e sabem da necessidade urgente de diminuir a produção de lixo”, afirmou João. Para ele, é questão de tempo o paulistano se acostumar com a nova realidade. “É claro que toda mudança de hábito da população gera um certo descontentamento inicial. Isso é natural. Temos como exemplo a proibição de fumar em restaurantes, a obrigatoriedade de uso das cadeirinhas para crianças em veículos, a proibição de propagandas e outdoors na cidade. Hoje alguém contesta isso?”.
Para a dona de casa Janaína Aparecida do Rosário, 28, a resolução não foi positiva. “Sempre esqueço de levar as sacolas retornáveis. Sem falar q é super-anti higiênico, se carrego carne na sacolinha retornável não posso levar pão na próxima vez, porque o cheio impregna. Proibiram as sacolinhas por causa de danos ao meio ambiente. E as garrafas pets? E as embalagens de carnes e frios, que são de isopor?”, questiona Janaína.
Qualquer atitude que ajude a preservar o meio ambiente é sempre bem vinda, basta saber se a população e as grandes empresas estão preparadas para lidar com essa importante questão. A polêmica continua, e a natureza continua esperando.

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